domingo, 28 de outubro de 2007

Fresquidão


Hoje de manhã, o Ricardo, um menino de 1o anos, foi com a sua tia pedir-nos flores.

Um menino rural, de tal forma rural que, para os colegas dele, que vivem na aldeia, ele não passa de um tosco. Não tem playstation e o seu telemóvel parece um tijolo aos olhos deles.

Prefere a companhia do tio, quando sai no tractor, do que sentar-se à frente do televisor.

Pois o Ricardo, após observar alguns recantos judiciosamente, dispara à saída:

"Sabe? Quando passo aqui de bicicleta, sinto a fresquidão das plantas que vocês aqui têm!"

O Ricardo exprimiu de forma simples o que a maior parte dos adultos já não consegue compreender. Que a amenidade climática criada pela vegetação em geral, e os espaços ajardinados em particular (não, não estou a falar em relva!) são um poderoso tranquilizante, põe-nos de bem com a vida.

Quantas consultas psiquiátricas se deixariam de fazer se as pessoas pudessem e quisessem contactar mais com a natureza! Mesmo que esta seja já uma recriação do Homem. Que por ter criado o deserto por meio da desarborização, para dar lugar a uma agricultura intensiva, tem agora o dever de reconstituir, onde puder, ambientes naturalizados, ricos em flora autóctone.

Bem depressa esses ambientes são colonizados por todo o tipo de fauna: insectos multicolores, peixes, batráquios, répteis, aves e pequenos mamíferos, todos encontram o seu habitat e os pequenos prejuízos que provocam são um preço insignificante pela alegria que nos trazem a cada estação do ano.