domingo, 3 de fevereiro de 2008

As andorinhas regressaram



Hoje, ao perscrutar no céu a chuva iminente, vi uma andorinha rondando o estábulo. Incrédulo, fixei melhor o olhar. Não uma, mas um bando delas! Caramba, estão de volta, e ainda agora entramos em Fevereiro!

O regresso das andorinhas deu-me uma enorme vontade de o assinalar de alguma maneira. E então pensei... não será a melhor forma de reiniciar o blog?

Talvez me engane. Talvez ainda não fosse o momento. Tal como receio que as andorinhas se tenham enganado, ao terem regressado tão cedo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Morangos em Novembro

Ao colher mais alguns morangos da minha horta dei-me a pensar no tempo que faz.

Verão de S. Martinho, dirão alguns.

Não chove há mais de um mês. A terra está ressequida. Esboroa-se a golpes de enxada, espalhando a poeira de Agosto.

Veio-me à memória as enxurradas de Novembro de 1997. Dos mortos na Funcheira, no Carregueiro, em Garvão. Dos mais de 100 litros por metro quadrado caídos entre as 9 horas de 5 de Novembro e as 9 horas de 6 de Novembro. Dos mais de 4.000 metros cúbicos por segundo do caudal do Guadiana à entrada de Portugal.

É assim que estamos: divididos entre extremos. À mingua, mas receosos da fartura.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

This is the end, beautiful friend, this is the end, my only friend, the end

Ok, desisto.

Eu próprio vi, com os meus olhos. Os carros amontoavam-se por todo o lado. O estacionamento (amplo) abarrotava. Os passeios em volta, apinhados. Carros por todo o lado, a dezenas (centenas?) de metros de distância.

Foi sábado à tarde. As pessoas estavam satisfeitas dentro do supermercado. Rostos conhecidos rejubilavam. Ninguém reparou que os preços aqui estavam bem mais altos que no Pingo Doce (passe a publicidade).

As pessoas têm o que querem. E o Belmiro também.

Vou fazer um luto prolongado. Talvez até nem volte. Estou certo que quase ninguém dará pela falta.

E desculpem o tempo que lhes tomei.

(a imagem foi roubada dos Brados online, também eles convertidos aos benefícios do templo consumista)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Menos azeite e menos azeitona à mesa

Este ano vamos ter pouca azeitona.

Aparentemente, dias de calor intenso em Maio, seguidos de dias frios, afectaram a floração de forma severa.

Muitos olivicultores queixam-se de "um verão que não foi verão" e deste Outubro, com temperaturas quentes para a época.

Por outro lado, a traça, a mosca e, principalmente, a gafa estão a afectar os olivais progressivamente.

Menos azeite e menos azeitona à mesa. Sinal dos tempos?


http://www.dl.ket.org/webmuseum/wm/paint/auth/gogh/landscapes/index.htm

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Governo mexe na área geológica

Foi publicado hoje em Diário da República o Decreto-Lei nº 354/2007, que aprova a orgânica do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P., onde ficarão integradas as competências fundamentais e relevantes para as áreas da energia e geologia.

No artigo 3º, relativo a missão e atribuições, pode ler-se, entre outras:
1 — O LNEG, I. P., tem por missão impulsionar e realizar acções de investigação, de demonstração e transferência de conhecimento, de assistência técnica e tecnológica e de apoio laboratorial dirigidas às empresas, nos domínios da energia e geologia.
2 — São atribuições do LNEG, I. P.:
(...)
c ) Promover, realizar e gerir estudos, cartografia sistemática e projectos nos domínios da geologia, hidrogeologia, geologia marinha e costeira, bem como promover a realização de inventariação, revelação, aproveitamento, valorização, monitorização e conservação dos recursos minerais, rochas ornamentais e águas naturais;
d ) Assegurar as funções permanentes do Estado relativamente ao conhecimento contínuo da infra-estrutura geológica do terreno nacional, com vista ao desenvolvimento sustentável do País;
e ) Promover a realização de investigação e de desenvolvimento tecnológico orientados para a actividade económica e as exigências do mercado, no domínio da energia e da geologia;
f ) Cooperar com instituições científicas e tecnológicas afins e participar em actividades de ciência e tecnologia, nacionais e estrangeiras, designadamente participando em consórcios, redes e outras formas de trabalho conjunto;
g ) Realizar contratos com empresas localizadas em Portugal, de modo a contribuírem para a criação de plataformas de conhecimento aplicado, a nível regional ou nacional, devidamente internacionalizadas.

O LNEG, I. P., sucede assim nas atribuições do INETI, I.P., nas áreas científicas de energia e geologia. Transitam ainda para o LNEG, I. P., as participações sociais no Centro Tecnológico para Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais (CEVALOR) e na Associação para a Formação Tecnológica do Sector das Rochas Ornamentais Industriais (ESTER), entidades sedeadas em Borba.

Deseja-se ao LNEG e ao pessoal que para aí transita votos do maior sucesso, ao mesmo tempo que se espera que a criação do LNEG signifique, por parte do Governo, a assumpção da importância da Geologia no panorama nacional, fazendo esquecer o período negro que se seguiu à extinção do Instituto Geológico e Mineiro em 2003.

domingo, 28 de outubro de 2007

Fresquidão


Hoje de manhã, o Ricardo, um menino de 1o anos, foi com a sua tia pedir-nos flores.

Um menino rural, de tal forma rural que, para os colegas dele, que vivem na aldeia, ele não passa de um tosco. Não tem playstation e o seu telemóvel parece um tijolo aos olhos deles.

Prefere a companhia do tio, quando sai no tractor, do que sentar-se à frente do televisor.

Pois o Ricardo, após observar alguns recantos judiciosamente, dispara à saída:

"Sabe? Quando passo aqui de bicicleta, sinto a fresquidão das plantas que vocês aqui têm!"

O Ricardo exprimiu de forma simples o que a maior parte dos adultos já não consegue compreender. Que a amenidade climática criada pela vegetação em geral, e os espaços ajardinados em particular (não, não estou a falar em relva!) são um poderoso tranquilizante, põe-nos de bem com a vida.

Quantas consultas psiquiátricas se deixariam de fazer se as pessoas pudessem e quisessem contactar mais com a natureza! Mesmo que esta seja já uma recriação do Homem. Que por ter criado o deserto por meio da desarborização, para dar lugar a uma agricultura intensiva, tem agora o dever de reconstituir, onde puder, ambientes naturalizados, ricos em flora autóctone.

Bem depressa esses ambientes são colonizados por todo o tipo de fauna: insectos multicolores, peixes, batráquios, répteis, aves e pequenos mamíferos, todos encontram o seu habitat e os pequenos prejuízos que provocam são um preço insignificante pela alegria que nos trazem a cada estação do ano.

sábado, 20 de outubro de 2007

Tábua de salvação para industriais em apuros?

Foi publicado no D.R. n.º 197, Série I, em 12 de Outubro, o Decreto-Lei n.º 340/2007, que altera o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, conhecido pela Lei das Pedreiras.

No preâmbulo do diploma pode ler-se que o seu objectivo essencial é "adequar o Decreto -Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, à realidade do sector, o que permitirá que sejam cumpridos os fins a que inicialmente se propôs, tornando possível o necessário equilíbrio entre os interesses públicos do desenvolvimento económico, por um lado, e da protecção do ambiente, por outro."

Esta alteração tem como premissa o facto de que, a legislação que agora se altera "veio a revelar -se, na prática, demasiado exigente ao pretender regular através de um regime único um universo tão vasto e diferenciado como é o do aproveitamento das massas minerais das diversas classes de pedreiras".

Classes de pedreiras criadas (Artº 10-A):
1 — Para efeitos do presente diploma, as pedreiras são classificadas de 1 a 4, por ordem decrescente do impacte que provocam.
2 — São de classe 1 as pedreiras que tenham uma área igual ou superior a 25 ha.
3 — São de classe 2 as pedreiras subterrâneas ou mistas e as que, sendo a céu aberto, tenham uma área inferior a 25 ha, excedam qualquer dos limites estabelecidos nas alíneas a), b), c) e d) do número seguinte ou recorram à utilização, por ano, de mais de 2000 kg de explosivos no método de desmonte.
4 — São de classe 3 as pedreiras a céu aberto que recorram à utilização, por ano, de explosivos até 2000 kg no método de desmonte e que não excedam nenhum dos
seguintes limites:
a) Área — 5 ha;
b) Profundidade de escavações — 10 m;
c) Produção — 150 000 t/ano;
d) Número de trabalhadores — 15.
5 — São de classe 4 as pedreiras de calçada e de laje se enquadradas na definição e limites do número anterior.


Parece estar assim corrigida uma legislação malquista ao sector dos industriais da pedra que, no dizer da própria Direcção Geral de Geologia e Energia "empurrou para a ilegalidade inúmeras explorações"(!), sendo que a actual "dará um contributo importante para a clarificação do procedimento de acesso legal à actividade de muitas das explorações hoje existentes, que, por razões administrativas, não lhes tem sido permitido legalizarem-se, e cujo eventual fecho poderá desencadear conflitos de ordem social e reflexos na quantidade e valor das exportações."

É claro que "não se pode pôr tudo no mesmo saco" A Lei das Pedreiras abrange realidades muito diversas, desde a das cimenteiras como a SECIL (que anunciou recentemente "planos para mil anos" na Arrábida), à das britas e pedra para calçada, passando pela dos mármores que, ao que parece, é a que está mais debilitada.

Independentemente de serem estas as verdadeiras ou únicas razões para a crise no sector, tentamos indagar, junto das entidades representativas, reacções ao novo diploma: em vão.

O site do CEVALOR (centro tecnológico do sector) está em construção; o da ASSIMAGRA (associação representativa dos industriais do sector) não é actualizado desde Maio de 2006; o da já citada DGGE, nada; o do INETI (que alberga o defunto IGM), muito menos.

Fomos pela internet fora em busca de uma reacção; umazinha que fosse!... nada...

(Governo, para que te esforças?!...)

Parece que se confirma: o sector está mesmo em crise, já não dá um sinal sequer. Se depender desta nova legislação, ainda não é desta que a (alguma) indústria da pedra se põe de pé...