terça-feira, 11 de setembro de 2007

Prémios, para que vos quero...


Quando há 20 anos ganhei - em conjunto com o meu amigo Jorge Cancela, então jovem universitário a terminar o curso de arquitectura paisagista da Universidade de Évora - o Prémio “Conservação da Natureza e do Património Histórico-Cultural 1987” instituído pela Secretaria de Estado do Ambiente e Recursos Naturais, Secretaria de Estado da Cultura e Ford Lusitana, na categoria de “Conservação Urbanística”, com o trabalho “Proposta de Recuperação da Pedreira da Boavista (Estremoz)”, ainda tinha ilusões.
Ilusões de que essa proposta fosse acarinhada pela autarquia e aproveitada para transformar um espaço degradado de primeira qualidade visual, num miradouro privilegiado sobre a Serra de Ossa, simultaneamente lúdico e instrutivo, com informação sobre a geologia da região, os métodos de desmonte e as técnicas de recuperação paisagística.

Entregue ao Presidente da Câmara nesse longínquo ano de 1987 - José Carrapiço (que é feito dele?) - o projecto passou, anónimo, essa e todas as vereações seguintes.

Estará a dormir certamente no recato de alguma prateleira, se é que já não foi para o lixo.

Estremoz tem demasiados projectos premiados para poder implementá-los a todos.

20 anos depois voltei ao "local do crime": em tudo igual, em tudo diferente.

Igual na sua desolação de pedra, magnífico como potencialidade de espaço lúdico-didáctico.

Diferente no seu enquadramento: depósito de lixo, rodeado de postes eléctricos plantados sem cerimónia, com indústrias cárnicas e outras a crescer-lhe aos pés.

(É caso para perguntar: para que serve a Zona Industrial se as indústrias se espalham sem critério por toda a malha urbana?)