quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O chumbo do traçado da variante: derrota ou vitória para Estremoz?

Um sentimento de derrota perpassa nas declarações do establishment local que me parece completamente desajustado: tudo se passa como se Estremoz tivesse perdido com o chumbo do traçado da variante proposto pelas Estradas de Portugal.

Não falo no que dizem os mentideros de Estremoz. Esses cumprem a sua função de “velhos do Restelo”. Desmoralizar é o seu lema. Mas é penoso ver como pessoas que têm a responsabilidade de manter elevado o ânimo dos seus concidadãos passam para a opinião pública a ideia de que existem "forças ocultas" que querem o mal de Estremoz e de que, por mais que se faça, não é possível vencê-las. Ora é precisamente do oposto que se trata.

O chumbo do traçado proposto pelas Estradas de Portugal foi uma grande vitória de Estremoz:

Em primeiro lugar, porque os estremocences provaram que, organizados, podem opor-se a forças externas quando elas procuram impor soluções desenhadas nos gabinetes, sem ter em conta a realidade no terreno e, pior do que isso, pondo em causa valores económicos, sociais e ambientais que, muito em breve, se virão a revelar fundamentais para o desenvolvimento sustentável de Estremoz.

Em segundo, porque o projecto da solução alternativa que agora terá de ser estudada e apresentada pelas Estradas de Portugal com carácter de urgência (devemos exigí-lo!) não mais poderá ser feito nas costas dos estremocences. É de um estudo tão participado pelos cidadãos quanto possível que se espera, para que não se voltem a cometer os erros que atrasaram o processo mais de uma década.

E em terceiro, porque esta vitória levará os estremocences a outros sucessos. Não mais será possível olhar para Estremoz como uma cidade atrasada, que recebe tudo o que vem de fora sem protestar. Estabelecer uma visão crítica, própria, de quem sabe o que quer e o que é melhor para si. Uma sociedade civil reivindicativa, mas serena e inteligente.

É este um sinal essencial das democracias avançadas e participativas.